Para que o trabalho
de um psicanalista funcione é
importante que a pessoa realmente queira ser ajudada.
Na prática, isso significa que o trabalho com
um analista só terá efeito se a parte saudável do
paciente fizer uma aliança positiva com o profissional. Este vínculo do
paciente com o analista em direção à cura se chama aliança terapêutica.
Esta
observação parece redundante, mas não é! Vou explicar porquê.
Indivíduo
= sujeito não dividido
No senso-comum, costuma-se pensar que o fato de uma
pessoa buscar a ajuda de um psicanalista significa por si
só que esta pessoa deseja ser ajudada. Esta premissa está assentada na lógica
de que nós somos lineares.
Mas Freud descobriu que o ser humano não é linear,
ou seja, não é um indivíduo no sentido psicológico do termo, que significa sujeito não dividido. Ele descobriu que nós estamos
constantemente divididos entre desejos opostos e conflitantes entre si. Na
situação discutida aqui, isso significa que há no paciente um enorme conflito
entre o desejo de melhorar e o desejo de permanecer doente.
Isso
ocorre porque nós somos dotados de dois instintos básicos, amor e ódio, que
estão presentes em todas as realizações humanas.
Quando
o paciente chega ao consultório:
Quando
um paciente consegue fazer o primeiro contato com o psicanalista, às vezes
depois de meses ou anos de ensaio, há ali um sinal de esperança: significa que,
pelo menos naquele instante, o amor venceu o ódio; o desejo de melhorar venceu
o desejo de permanecer doente.
Por
isso este movimento de vida deve ser valorizado e comemorado como o primeiro
passo rumo à transformação.
E
o que vai acontecer depois?
Depois
que o paciente consegue dar este primeiro passo, não é possível prever de
antemão o quanto as forças de vida conseguirão se sobrepor às forças de morte.
Aliás, este é um dos grandes trabalhos a ser realizado em uma psicanálise:
fortalecer a capacidade de amar do paciente.
Se
as forças de vida preponderam, o paciente consegue continuar vindo para as
sessões e paulatinamente vai aprendendo a reconhecer e a conter seus
sabotadores internos. Se as forças de morte preponderam, o paciente rompe o
trabalho de análise por não conseguir sustentar seu investimento amoroso na
vida e em si mesmo.
Vale
ressaltar que a capacidade de amar é, em grande parte, inata. O que significa que
o psicanalista pode muito pouco quando as forças de morte imperam no psiquismo
do sujeito. O que eu quero dizer é a psicanálise não modifica a natureza
instintual do paciente. O que ela faz é fortalecer a capacidade de amar do
sujeito que muitas vezes permaneceu imobilizada pelo excesso de pulsão de morte
e /ou pelo excesso de traumatismos.
Algumas
dicas:
1.
Percebe que está sempre se envolvendo
com o mesmo tipo de parceiro amoroso ou quando está prestes a ter um sucesso,
você faz algo para estragá-lo;
2.
É tipo melancólico que não se adapta
ao ideal de felicidade que é vendido hoje em dia. Sente-se deslocado, está
sempre repleto de indagações filosóficas sobre a vida e sobre a morte e não
encontra companhia para pensar sobre suas angústias;
3. Sente-se impelido a se envolver em
ações destrutivas (com sexo, drogas e bebidas) como se estivesse possuído
por um outro “eu”;
4. Encontra muita dificuldade para se separar das pessoas e dos objetos que “ama”. Tem absoluto pânico de ficar sozinho;
Quando vê-se forçado a ficar só é invadido por um terrível e desolador sentimento de vazio e tédio;
Não consegue sentir prazer na vida, no trabalho e nas relações em geral;
Envolve-se com frequência em intrigas e brigas: no trabalho, no trânsito, na família e com os amigos. Sente que as pessoas estão conspirando contra você o tempo todo.
Se você se identificou com uma destas situações
listadas acima, você pode se beneficiar muito do trabalho de um psicanalista.
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