quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Quando devo procurar um Psicanalista?

 


Para que o trabalho de um psicanalista funcione é importante que a pessoa realmente queira ser ajudada.

Na prática, isso significa que o trabalho com um analista só terá efeito se a parte saudável do paciente fizer uma aliança positiva com o profissional. Este vínculo do paciente com o analista em direção à cura se chama aliança terapêutica.

Esta observação parece redundante, mas não é! Vou explicar porquê.

Indivíduo = sujeito não dividido

No senso-comum, costuma-se pensar que o fato de uma pessoa buscar a ajuda de um psicanalista significa por si só que esta pessoa deseja ser ajudada. Esta premissa está assentada na lógica de que nós somos lineares.

Mas Freud descobriu que o ser humano não é linear, ou seja, não é um indivíduo no sentido psicológico do termo, que significa sujeito não dividido. Ele descobriu que nós estamos constantemente divididos entre desejos opostos e conflitantes entre si. Na situação discutida aqui, isso significa que há no paciente um enorme conflito entre o desejo de melhorar e o desejo de permanecer doente.

Isso ocorre porque nós somos dotados de dois instintos básicos, amor e ódio, que estão presentes em todas as realizações humanas.

Quando o paciente chega ao consultório:

Quando um paciente consegue fazer o primeiro contato com o psicanalista, às vezes depois de meses ou anos de ensaio, há ali um sinal de esperança: significa que, pelo menos naquele instante, o amor venceu o ódio; o desejo de melhorar venceu o desejo de permanecer doente.

Por isso este movimento de vida deve ser valorizado e comemorado como o primeiro passo rumo à transformação.

E o que vai acontecer depois?

Depois que o paciente consegue dar este primeiro passo, não é possível prever de antemão o quanto as forças de vida conseguirão se sobrepor às forças de morte. Aliás, este é um dos grandes trabalhos a ser realizado em uma psicanálise: fortalecer a capacidade de amar do paciente.

Se as forças de vida preponderam, o paciente consegue continuar vindo para as sessões e paulatinamente vai aprendendo a reconhecer e a conter seus sabotadores internos. Se as forças de morte preponderam, o paciente rompe o trabalho de análise por não conseguir sustentar seu investimento amoroso na vida e em si mesmo.

Vale ressaltar que a capacidade de amar é, em grande parte, inata. O que significa que o psicanalista pode muito pouco quando as forças de morte imperam no psiquismo do sujeito. O que eu quero dizer é a psicanálise não modifica a natureza instintual do paciente. O que ela faz é fortalecer a capacidade de amar do sujeito que muitas vezes permaneceu imobilizada pelo excesso de pulsão de morte e /ou pelo excesso de traumatismos.

Algumas dicas:

1.     Percebe que está sempre se envolvendo com o mesmo tipo de parceiro amoroso ou quando está prestes a ter um sucesso, você faz algo para estragá-lo;


2.     É tipo melancólico que não se adapta ao ideal de felicidade que é vendido hoje em dia. Sente-se deslocado, está sempre repleto de indagações filosóficas sobre a vida e sobre a morte e não encontra companhia para pensar sobre suas angústias;


3.    Sente-se impelido a se envolver em ações destrutivas (com sexo, drogas e bebidas) como se estivesse possuído por um outro “eu”;


4.     Encontra muita dificuldade para se separar das pessoas e dos objetos que “ama”. Tem absoluto pânico de ficar sozinho;


     Quando vê-se forçado a ficar só é invadido por um terrível e desolador sentimento de vazio e tédio;


     Não consegue sentir prazer na vida, no trabalho e nas relações em geral;


     Envolve-se com frequência em intrigas e brigas: no trabalho, no trânsito, na família e com os amigos. Sente que as pessoas estão conspirando contra você o tempo todo.

Se você se identificou com uma destas situações listadas acima, você pode se beneficiar muito do trabalho de um psicanalista

 


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