
A gordofobia é um tipo de preconceito que se manifesta em
relação a pessoas com excesso de peso. Infelizmente, essa forma de
discriminação é bastante comum em nossa sociedade, e pode ter graves
consequências para a saúde emocional e física das pessoas que sofrem com ela.
Eu presenciei um ato de gordofobia na rua hoje, e por isso resolvi escrever
este texto. Eu passava por uma barraca de cachorro quente e havia uma moça
sentada numa cadeira visivelmente transtornada gritando com uma senhora já em
idade avançada, parecia ter seus 75 anos. A moça esbravejava: "então a
senhora está me dizendo que não me chamou de gorda, obesa?" e a senhora
tentando se justificar disse "não, não chamei", a moça então disse
"chamou sim!" e a senhora "tá chamei, mas não foi isso que eu
quis dizer". Para tudo! Ela disse, mas não foi o que quis dizer, ou se
arrependeu de ter dito, mas já era tarde? Isso é tema para discussão profunda,
mas me veio um questionamento: a moça se ofendeu de a terem chamado de gorda,
mas ela estava visivelmente acima do peso, bem acima do peso. O curioso pra mim
é: será que ela não se vê acima do peso? Ou, se vê, mas não admite que o outro
veja? Mas se vendo ou não obesa isso não dá o direito de outra pessoa chamá-la
de gorda. Mas ela está gorda, então, ser gorda e não poder ser chamada de gorda
virou um tabu ou é só porque ela se vê, mas não pode admitir que os outros
vejam ou falem? Com certeza a senhora não foi educada ao chamá-la de gorda, o
que ela tem com isso? O que me intriga é a moça ficar tão profundamente
irritada e agressiva por alguém tê-la nomeado por aquilo que ela é: GORDA! Ou é melhor assim: olha eu sou gorda,
mas ninguém pode me chamar de gorda, assim, eu finjo que não sei e os outros
fingem que não veem.
Bom, como nosso código penal não mudou desde há algum tempo,
me parece que a prática não é crime, mas pode ser
enquadrada por injúria e danos morais, que são da esfera criminal e cível,
respectivamente.
Mas o que faz uma pessoa ser gordofóbica? Em geral, a
gordofobia tem suas raízes em uma série de estereótipos e preconceitos
relacionados ao peso e à aparência física. Algumas pessoas acreditam que a
magreza é sinônimo de beleza e saúde, enquanto o excesso de peso é visto como
um sinal de preguiça, falta de disciplina e desleixo. Essas crenças são
reforçadas por uma série de mensagens culturais que associam a magreza à
felicidade, sucesso e bem-estar, e o excesso de peso à doença, infelicidade e
fracasso. A mídia, em particular, desempenha um papel importante nesse
processo, ao promover imagens de corpos magros e tonificados como modelos de
beleza e saúde. Não à toa o mercado da moda é bilionário, eles simplesmente
ditam que peso as mulheres devem ter. No entanto, a gordofobia vai muito além
de uma simples preferência estética. Ela pode levar a uma série de
comportamentos discriminatórios e prejudiciais, como o bullying, o assédio, a
exclusão social e até mesmo a violência física. Além disso, a gordofobia pode
ter consequências graves para a saúde física e emocional das pessoas que sofrem
com ela, levando a problemas como depressão, ansiedade, transtornos alimentares
e doenças crônicas. Por isso, é importante que todos nós nos conscientizemos
sobre a gravidade da gordofobia e trabalhemos juntos para promover uma cultura
mais inclusiva e respeitosa em relação a todas as formas de diversidade
corporal. Isso implica em não fazer piadas ou comentários sobre o peso das
pessoas, não julgar as pessoas com base em sua aparência física e apoiar
campanhas que visem a valorização de todos os tipos de corpos. Afinal, a beleza
e a saúde não podem ser medidas apenas pelo peso ou pela aparência física.