O meu poema ``Reginae patris``, após um concurso literário, foi selecionado para participar da antologia Poesia Ativa 2022 da Editora Absurtos. E agora, divido este poema, que para mim tem muito significado, e significantes.
“O significante produzindo-se no campo do Outro faz surgir o sujeito de sua significação. Mas ele só funciona como significante reduzindo o sujeito em última instância a não ser mais do que um significante, petrificando-o pelo mesmo movimento com que o chama a funcionar, a falar, como sujeito.” (Seminário 11, p. 197).
Desenvolvi este poema em poucos minutos, mas sua elaboração se deu num processo que levou a metade de uma vida, e que se concluiu após um percurso da minha análise pessoal. Este poema representa a verdade que se descortinou após a revelação de que o ódio pode na verdade esconder o amor, e que tudo depende não da realidade das coisas, mas das representações e interpretações que damos às coisas. Eu levei a metade de uma vida vivendo conforme a interpretação que fiz dos fatos e das pessoas à minha volta, e também pelas histórias que os outros contavam destes fatos. Foi preciso passar por um longo e árduo processo de análise para descobrir que “AQUELAS coisas contadas e interpretadas” não eram bem AQUILO que eu havia interpretado e, após muitas elaborações, cortes e intervenções do meu analista, percebi que o ódio na verdade era amor.
Onde duas subjetividades se encontram e entrelaçam, muitas vezes é impossível perceber sem muito esforço, o que é amor ou ódio.
O meu poema ``Reginae patris``, após um concurso literário, foi selecionado para participar da antologia Poesia Ativa 2022 da Editora Absurtos. E agora, divido este poema, que para mim tem muito significado, e significantes.
“O significante produzindo-se no campo do Outro faz surgir o sujeito de sua significação. Mas ele só funciona como significante reduzindo o sujeito em última instância a não ser mais do que um significante, petrificando-o pelo mesmo movimento com que o chama a funcionar, a falar, como sujeito.” (Seminário 11, p. 197).
Desenvolvi este poema em poucos minutos, mas sua elaboração se deu num processo que levou a metade de uma vida, e que se concluiu após um percurso da minha análise pessoal. Este poema representa a verdade que se descortinou após a revelação de que o ódio pode na verdade esconder o amor, e que tudo depende não da realidade das coisas, mas das representações e interpretações que damos às coisas. Eu levei a metade de uma vida vivendo conforme a interpretação que fiz dos fatos e das pessoas à minha volta, e também pelas histórias que os outros contavam destes fatos. Foi preciso passar por um longo e árduo processo de análise para descobrir que “AQUELAS coisas contadas e interpretadas” não eram bem AQUILO que eu havia interpretado e, após muitas elaborações, cortes e intervenções do meu analista, percebi que o ódio na verdade era amor.
Onde duas subjetividades se encontram e entrelaçam, muitas vezes é impossível perceber sem muito esforço, o que é amor ou ódio.
Como disse Lacan “Somos todos seres amódicos: amamos e odiamos com igual intensidade, muitas vezes o mesmo objeto”.
Fazer uma reinterpretação da própria história faz toda a diferença na vida de um sujeito. Fatos não são fatos até que você os comprove como tal, mas quando falamos em sentimentos e subjetividade fica difícil dizer o que de fato algo é. Isso vai depender de como cada um interpreta e experimenta os fatos.
Michel Foucault, filósofo francês, revela que “ uma verdade única e universal para o sujeito é impossível”.
Foi só quando comecei a circular as idéias, trocar as funções das palavras, encontrar novos sentidos e achar ali outros significantes, que pude reinterpretar os fatos da minha vida, que até então havia entendido de outra maneira. Estava ainda com as idéias e significantes que outras pessoas haviam dado para algo que era tão meu, e que por isso só eu poderia saber e sentir o que de fato poderia haver ali, para mim, em particular. Não, nunca é tarde para se aventurar a viver a coragem de desvendar a si mesmo.
A frase “Decifra-me ou devoro-te” nos remete ao mito do enigma da esfinge que devora a tantos em seu tempo e que fez Édipo ser condenado por realizar seu destino desconhecido e proibido. Édipo não se precipitou ao enigma, mas nunca soube que ao aceitá-lo apenas cumpria seu inexorável destino.
Se não mergulharmos com profundidade na nossa própria história, estaremos sempre submetidos e propensos a sermos devorados pelas esfinges da vida. E o poder de decifrar o enigma está em nossas mãos, se nos permitirmos decifrar a esfinge.
Poema:
Rainha dos santos campos verdejantes
Formosura do esplendor
Teus cabelos encaracolados
Dançantes como as ondas do mar
Entorpecem o meu amor
O teu reino encantado
Se encontra nas estrelas cintilantes
Onde a tríade do espírito formatou o teu semblante
Teu castelo é a morada mais brilhante
Feito com cristais encantados e o pó de diamante
Um dia nos encontraremos, no horizonte do infinito
Às horas da aurora, com o hino mais bonito
Até lá, minha rainha, os anjos guiarão o teu caminho
Iluminando a caminhada, com os mais sábios pergaminhos
E para não te perderes nesta jornada, te deixarei esta canção
Segredo de um mapa escondido no fundo do coração.
Reginae patris (rainha do pai)
- Carla Regina Campos (Rio de Janeiro/RJ)
Antologia 2022 Poesia Ativa pág. 37
Editora Absurtos
Como disse Lacan “Somos todos seres amódicos: amamos e odiamos com igual intensidade, muitas vezes o mesmo objeto”.
Fazer uma reinterpretação da própria história faz toda a diferença na vida de um sujeito. Fatos não são fatos até que você os comprove como tal, mas quando falamos em sentimentos e subjetividade fica difícil dizer o que de fato algo é. Isso vai depender de como cada um interpreta e experimenta os fatos.
Michel Foucault, filósofo francês, revela que “ uma verdade única e universal para o sujeito é impossível”.
Foi só quando comecei a circular as idéias, trocar as funções das palavras, encontrar novos sentidos e achar ali outros significantes, que pude reinterpretar os fatos da minha vida, que até então havia entendido de outra maneira. Estava ainda com as idéias e significantes que outras pessoas haviam dado para algo que era tão meu, e que por isso só eu poderia saber e sentir o que de fato poderia haver ali, para mim, em particular. Não, nunca é tarde para se aventurar a viver a coragem de desvendar a si mesmo.
A frase “Decifra-me ou devoro-te” nos remete ao mito do enigma da esfinge que devora a tantos em seu tempo e que fez Édipo ser condenado por realizar seu destino desconhecido e proibido. Édipo não se precipitou ao enigma, mas nunca soube que ao aceitá-lo apenas cumpria seu inexorável destino.
Se não mergulharmos com profundidade na nossa própria história, estaremos sempre submetidos e propensos a sermos devorados pelas esfinges da vida. E o poder de decifrar o enigma está em nossas mãos, se nos permitirmos decifrar a esfinge.
Poema:
Rainha dos santos campos verdejantes
Formosura do esplendor
Teus cabelos encaracolados
Dançantes como as ondas do mar
Entorpecem o meu amor
O teu reino encantado
Se encontra nas estrelas cintilantes
Onde a tríade do espírito formatou o teu semblante
Teu castelo é a morada mais brilhante
Feito com cristais encantados e o pó de diamante
Um dia nos encontraremos, no horizonte do infinito
Às horas da aurora, com o hino mais bonito
Até lá, minha rainha, os anjos guiarão o teu caminho
Iluminando a caminhada, com os mais sábios pergaminhos
E para não te perderes nesta jornada, te deixarei esta canção
Segredo de um mapa escondido no fundo do coração.
Reginae patris (rainha do pai)
- Carla Regina Campos (Rio de Janeiro/RJ)
Antologia 2022 Poesia Ativa pág. 37
Editora Absurtos